De que vale a precisão do átomo
de um relógio atômico,
se vivemos com uma infinidade deles,
mas com pressa.
De que vale a vibração de pequenos cristais
no relógio de quartzo,
se não controlamos nossa própria energia,
mas os minutos.
De que vale a transição da areia,
percebida na ampulheta,
se não a tocamos sempre,
mas nas férias somente.
De que valeu o observar da sombra,
para demarcar um período,
se quando damos conta de ainda tê-la,
nossa vida acabou.
Definitivamente.
Os relógios foram inventados para marcar as horas,
não o tempo…
Este, quem inventa e reinventa, somos nós.
Dia após dia,
na beleza desafiadora do cotidiano.
Até a chegada do incógnito momento,
da hora desconhecida,
da liquidação do tempo,
do abraço obscuro da própria sombra.
Camila Pasetto
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